segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Plantas Invasoras

Plantas invasoras

Características comuns
• Crescem rápido: usam uma alta quantidade de água;
• Excelente adaptação climática;
• Apresentam um curto intervalo entre floração e germinação;
• Perenes, geneticamente poliplóides .
• Apresentam estruturas para dispersão, e germinam em quase todos os substratos úmidos sem uma fertilização específica;
• Alta dormência;
• Alta longevidade;
• Alta produção e produção contínua;
• Faz ótimo uso dos nutrientes do solo.
Nas pequenas coleções elas praticamente não ocorrem, devido a facilidade da extração manual, mas nas grandes e orquidários comerciais, são responsáveis por perda de plantas, atraso no desenvolvimento, e aumento dos custos de produção devido á maior necessidade de adubação, irrigação e mão de obra.

Os vasos podem ser invadidos por três grupos de plantas:

I – Invasão por especies ocasionais, quando nas proximidades do orquidário existem plantas produtoras de sementes que são levadas até os vasos pelos passaros, vento ou qualquer outra forma. Normalmente são árvores, arbustos, frutiferos ou ornamentais e as cultivadas econômicamente. Evita-las é simples, basta melhorar a vedação do orquidário ou afastar as plantas matrizes próximas.

II – Na infestação involuntária o próprio orquidófilo é o responsável. Desconhecendo problemas que poderá ter no futuro, introduz no orquidário vasos de outras plantas ornamentais que produzem esporos ou sementes. Estes no recinto com ambiente propicio infestam os vasos de orquideas. As principais invasoras deste grupo são as samambaias, begonias e maria-sem-vergonha. As samambaias ornamentais produzem grande quantidade de esporos que permanecem nos vazos por muito tempo e germinam gradativamente. As outras espécies germinam durante todo ano. Para evitar este grupo, deve-se primeiramente retirar as plantas ornamentais do orquidário e eliminar manualmente dos vasos de orquideas as infestantes, antes que produzam mais sementes.

III - Neste grupo estão as espécies invasoras especializadas, adaptadas as mesmas condições de desenvolvimento das orquídeas. São introduzidas involuntáriamente por vasos infestados ou uso de substrato contaminado. São mais prejudiciais, difíceis de serem eliminadas, propagam-se com grande intensidade, perenes e apresentam um periodo muito curto para iniciar a produção de sementes. No inicio ocorrem em apenas um vaso, mas depois se propagam rapidamente para os mais próximos, e quando são percebidas já causam algum dano, e extirpa-las demanda horas de trabalho.


Principais interferências:

1 – Concorrência por nutrição.
As orquideas são plantas que necessitam de nutrição equilibrada, sendo a florada diretamente proporcional ao estado nutritivo da planta. Os nutrientes macro e micro são absorvidos em pequenas quantidades lentamente durante o ciclo anual de desenvolvimento. A presença de plantas invasoras nos vasos, com sistema radicular e exigência nutricional, qualitativa e quantitativamente diferentes das orquideas causa um desequilibrio nos vasos. Em consequencia desta nutrição desbalanceada, muitas nem chegam a florir ou se florescem, as flores são menores de curta duração e por vezes mal formadas.
2 – Concorrência por água
As plantas invasoras possuem um indice de utilização de água muitas vezes superior ao das orquídeas. Por terem um sistema radicular muito ramificado e mais eficiente na absorção, secam rapidamente o substrato, reduzindo a disponibilidade de água para as orquídeas. Alem disto contribuem para a diminuição da umidade relativa do ambiente. Dependendo do tipo de vaso as plantas invasoras podem obstruir o orificio de drenagem, causando o acumulo de água e a morte das raizes da orquídea.
3 - Concorrência pela luz
Problema que ocorre com maior frequência nos vasos coletivos, com orquídeas ainda em pequeno porte. As invasoras cobrem literalmente as mudas que, privadas da intensidade de luz ideal, não se desenvolvem, morrem ou ficam debilitadas e não florescem.
4 – Pragas e doenças.
Plantas sadias e bem nutridas sabidamente são mais resistentes a doenças. As invasoras contribuem para a manutenção de colônias de formigas, responsáveis pela introdução de cochinilhas e pulgões nas orquídeas. Estes insetos são sugadores produzindo a porta de entrada de outras doenças.
5 - Eficiência do substrato.
Os substratos que se decompõem com o tempo, tem sua durabilidade reduzida. As raizes das invazoras retiram os nutrientes do meio e aceleram o processo de decomposição. Um xaxim por exemplo tem sua vida util reduzida pela metade, e ainda durante o arranquio das invasoras são retirados porções de substrato.
6 - Danos mecânicos.
Durante o processo de retirada das invasoras dos vasos podem ocorrer varios danos mecânicos. Os mais frequentes são a quebra dos brotos, inflorescências, botões e raizes novas. As raizes maduras também podem ser danificadas pela retirada do velame, produzindo porta de entrada para fungos e bactérias. Dependendo do caso até mesmo a orquídea pode ser arrancada do vaso.
7 - Estética.
Ao observarmos uma orquidea queremos apreciar a beleza da planta e não um jardim botânico em miniatura. A presença destas ervas nos vasos denota desleixo e em exposições pode ser um contaminante.
8 - Mão de obra.
O orquidário infestado exige grande esforço para controlar as espécies indesejadas, tempo que poderia ser dedicado aos diversos cuidados que as orquídeas exigem.
Nos orquidários comerciais os proprietários tem sua produção diminuida. A interferencia nos vasos coletivos, a demora no acabamento do lote para venda, maior necessidade de replantes, adubos e substratos, levam a uma diminuição nas margens de lucro. Orquidófilo conhecedor destes problemas não adiquire vasos com plantas invasoras.



Como evitar:
Como já vimos são duas as principais vias de entrada das invasoras em nosso orquidário. A principal, são as orquídeas adquiridas com vasos contaminados. As infestantes estão bem adaptadas ao meio e em pouco tempo produzem frutos que amadurecem e expelem sementes em todas as direções. Em pouco tempo os vasos vizinhos estarão colonizados. Tem se sugerido um local para quarentena.
Outra via de entrada é o substrato contaminado. A qualidade e a procedencia devem ser conhecidas, principalmente quando se transplantam grandes quantidades ao mesmo tempo. No caso de sementres invasoras é recomendavel que o substrato seja esterilizado.
Como eliminar
As plantas invasoras devem ser eliminadas tão logo sejam observadas. Quando jovens, as raizes são pouco desenvolvidas e devem ser pinçadas sem causar danos ao substrato e às raizes das orquídeas. Quando o sistema radicular estiver desenvolvido e fibroso, o metodo de pinçar pode causar danos; as raizes invasoras devem ser cortados logo abaixo da superficie do substrato e a extração deve ser feita com cuidado. Nas infestações mais severas como por brilantina, fica mais fácil e econômico substituir todo o substrato, transplantando a orquídea para outro vaso ou esterilando o mesmo ( micro ondas). A muda de orquídea deve ser escovada e lavada para retirar todas as sementes e fragmentos que podem estar a ela aderidos. As bancadas devem ser lavadas e escovadas.

Principais plantas invasoras.

1- Brilhantina ( Pilea microphylla)
A mais importante invasora de vasos de orquídeas e vasos ornamentais é originária das regiões tropicais da América. Seu nome popular está relacionado com as pequenas folhas brilhantes. A espécie possui variedades cultivadas como ornamentais de porte e folhas maiores. A Brilhantina é uma planta perene e não passa dos vinte centimetros de altura. Herbácea com ramos rasteiros, muito ramificado e com extremidades ascendentes. Folhas e ramos carnosos e quebradiços; e qualquer fragmento do ramo pode enraizar e dar origem a novas plantas. Seus frutos são capsulas que ao abrirem lançam grandes quantidades de sementes pela redondeza do vaso, e sua infestação aumenta rapidamente. As sementes germinam sobre bancadas, paredes e até sobre as bainhas das orquideas. A planta é quebradiça mas as raizes são fibrosas, e muitas vezes ao serem arrancadas se rompem logo acima do substrato e a planta rebrota em poucos dias. Quando o vaso está intensamente infestado é mais facil e econômico trocar todo substrato, lavando-se bem a planta e o vaso ( o vaso pode ser colocado no micro ondas, na temperatura máxima por 3 minutos, ou coloca-lo com água numa panela de pressão) para livra-los das sementes da brilhantina.

Brilhantina ( Pilea microphylla)


http://www.jardineiro.net/br/

2 – Trevinho ou Azedinha (Oxalis corniculata)
Tem origem na Região do Mediterrâneo na Europa. Encontradas preferencialmente em lugares úmidos ou frescos, sendo consideradas “pragas” nos jardins. Planta perene, estolonífera ( planta com caule horizontal emitindo raizes e folhas na vertical) ramificando na base e nos nós. Suas caracteristicas variam muito, ser pilosa ou lisa, estolões (talos) com entrenó curtos ou longos, folhas verdes ou avermelhadas, entre outras caracteristicas. Multiplica-se por sementes ou pos talos. Apresenta flores amarelas e frutos em capsulas, e estas quando amadurecem, por meio de um mecanismo de adaptação, elevam-se sobre as folhas e se abrem violentamente, espalhando sementes a varios metros de distância. A azedinha possui dois tipos de raizes, uma pivotante que tem origem na semente, de desenvolvimento vertical e descendente, para o interior do substrato, é fibrosa e muitas vezes também carnosas; outras são fasciculadas e tem origem nos nós dos estolões (talos). No solo os estolões se desenvolvem apenas na superficie, mas nos substratos dos vasos ele pode se desenvolver tanto na superficie como no interior do substrato envolvendo as raizes e rizona da orquídea. O trevinho é de crescimento vigoroso e exigente em nutrientes, sua infestação esgota em pouco tempo as reservas do substrato. Sua remoção deve ser realizada cortando-se as raizes logo abaixo dos nós ou abaixo da superficie e com muito cuidado que por serem fibrosos e estar entrelaçadas com as raizes das orquídeas, podem danificalas ou deslocar volumes de substratos consideráveis.
Crianças costumam mastigar as folhas de algumas espécies deste gênero devido ao sabor levemente azedo e agradável decorrente da presença de oxalato de potássio. O oxalato de potássio origina o ácido oxálico, o qual é responsável pela toxidez do gênero.
O ácido oxálico, em sua forma solúvel, irrita as mucosas do estômago e do intestino quando ingerido. Esta irritação desencadeia vômitos, diarréia e dor abdominal. Uma vez no trato gastrintestinal, o ácido oxálico será rapidamente absorvido e reagirá com o cálcio sérico, formando oxalato de cálcio insolúvel. Esta reação levará á duas graves conseqüências: hipocalcemia e depósito de oxalato de cálcio nos rins. A hipocalcemia leva a uma violenta estimulação muscular tetânica, podendo causar distúrbios cardíacos e neurológicos. A deposição do oxalato de cálcio nos rins obstrui os canais, causando lesões renais por alteração da função tubular.
Apesar das sérias conseqüências que as intoxicações por oxalato de cálcio podem ocasionar estas só acontecem após a ingestão de grandes quantidades do vegetal. A digestão é lenta e, por isso, os primeiros sintomas (náusea, vômitos e diarréia) demoram a aparecer. O abdome pode apresentar-se distendido e volumoso devido aos gases de fermentação do material vegetal não digerido. Sintomas graves característicos da intoxicação com altas doses de oxalato de cálcio, como distúrbios cardíacos e neurológicos, raramente ocorrem.
O tratamento pode ser iniciado com lavagem gástrica e medidas provocativas de vômitos. Os distúrbios gastrintestinais são tratados sintomaticamente com administração de, antiespasmódicos e analgésicos. (Schvartsman, 1979).
Trevinho ou Azedinha (Oxalis corniculata)


http://www.jardimcomarte.com.br/blog/wp-content/uploads/2013/03/trevo.png

3 – Musgos
As várias espécies de musgos também podem ser consideradas plantas invasoras. Embora não sejam agressivas com relação á retirada de nutrientes, formam uma barreira que dificulta a penetração de água no interior do substrato.
A presença de musgo em grande quantidade sobre a superfície do vaso denuncia que o substrato se encontra decomposto, necessitando de substituição.

Musgos
http://pro-ambi-ef.blogspot.com/

4 – Agriãozinho (Cardamine bonariensis)
Muito semelhante ao agrião, espécie hortaliça consumida em saladas. Apesar de ser nativo da Europa, está bem aclimatado em nosso meio. Planta anual, ereta, sem pelos, tenra, pouco ramificada, com tamanho entre dez e vinte centimetros de altura. Folhas alternas são recortadas e as ramificações só aparecem depois que a planta inicia o florescimento. Tem crescimento vigoroso e precoce, surgindo flores brancas antes dos 30 dias da emergência. Os frutos se abrem violentamente, espalhando sementes em todas as direções.
Das plantas invasoras o Agriãozinho apresenta menor resistencia para ser retiradas do vaso; seu sistema radicular é menos fibroso e pouco desenvolvido. Apesar disto são muito eficientes em retirar nutrientes do substrato. Sua agressividade está na precocidade e na grande quantidade de sementes que produz. É uma das espécies vegetais que tem um dos menores periodos para completar um ciclo, da emergência até a maturação dos frutos.
Agriãozinho (Cardamine bonariensis)
https://sites.google.com/site/biodiversidadecatarinense/plantae/magnoliophyta/brassicaceae/cardamine-bonariensis


5 – Quebra pedra ( Phyllanthus tenellus).
Originário do Brasil, é frequentemente encontrado infestando vasos de orquídeas e plantas ornamentais; habita lugares úmidos. Planta anual, erecta e pouco ramificada podendo atingir 50 centimetros de altura, folhas oblongas ou ovaladas, os frutos são capsulas que arremessam as sementes ao se abrirem. O desenvolvimento da planta é rápido e o sistema radicular é ramificado e fibroso. Não precisa ser arrancada do vaso para ser eliminada, basta corta-la junto á superficie do substrato, que não rebrota.
O nome quebra pedra vem do fato desta planta estar quase sempre nas quinas das pedras e do folclore popular de que é planta medicinal que tem o efeito de “quebrar calculos renais”. Estudos cientificos demonstraram que não há quebra dos calculos renais mas talvez o impedimento de seu surgimento.
 Quebra pedra ( Phyllanthus tenellus).


https://sites.google.com/site/florasbs/phyllanthaceae/quebra-pedra

6 – Cairuçu-mirim (Hydrocotyle pussila)
Espécie nativa do sul do Brasil, tendo sido introduzido nos orquidarios através se substrato contaminado e de mudas de orquideas terrestres retiradas da natureza sem os devidos cuidados. Planta de caule filiforme, rasteira, ramificada, folhas arredondadas de bordos denteados com cerca de um centimetro de diametro. Inflorescencia axilar mais curta que o peciola das folhas. Frutos elipticos, com sementes que germinam sobre o substrato. Muito agressiva, em pouco tempo forma um verdadeiro tapete verde sobre o substrato. Depois desta fase é mais facil e econômico substituir o substrato.

Cairuçu-mirim (Hydrocotyle pussila)
http://aquacoefil.blogspot.com/

7 – Tiririca, junça ou "barba de bode": (Cyperus rotundus).

São introduzidas nos vasos através de substratos ou materiais contaminados. Anuais ou perenes. As anuais germinam, florescem e produzem sementes em uma só estação. As perenes têm órgãos de armazenamento subterrâneos, geralmente rizomas, que possibilitam seu crescimento por muitos anos. Elas podem se reproduzir tanto através de sementes quanto pela extensão do rizoma, do qual crescem plantas filhas.

Tiririca, junça ou "barba de bode": (Cyperus rotundus).

8 -Samambaia: (Nephrolepis polypodium)
Planta cosmopolita tropical com ciclo de vida perene, introduzidas nos orquidários por substratos, vasos contaminados, e a proximidade com estas plantas que emitem esporos de longa resistência que são levados pelo vento e pássaros.
As samambaias são em geral plantas herbáceas, rizomatosas com folhas longas, subdivididas em folíolos que podem ser lisos ou rendados. De coloração verde, com diversas tonalidades, podem ser mais eretas ou mais pendentes dependo da espécie e variedade. Normalmente formam touceiras volumosas, demonstrando sua bela textura. Apresentam tamanhos muito variados, para todos os gostos e ambientes. A iluminação ideal para as samambaias em geral é a meia-sombra, salvo em algumas exceções. São plantas rústicas e que não gostam de frio. Os vasos devem ser irrigados frequentemente, porém devem ser bem drenados.
Samambaia: (Nephrolepis polypodium)

http://www.jardimsempreverde.com.br/?cmd=dicasflores&id=S


Palestra: Plantas invasoras
Aula 05/10/10
José Américo Sartori
Associação Orquidófila de Araraquara

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